sábado, 6 de setembro de 2014

"No ar!" (com a voz do Galeão Cumbica)

Minha história começa no terceiro voo da jornada. Os dois primeiros foram normais, dormi demais no primeiro, não consegui dormir no segundo. Já estava cansada quando cheguei ao terceiro, mas esse foi tão bom, mas tão bom que merece destaque.

A aeronave era bem pequena, de uma empresa associada à AA. Cabiam 50 passageiros, e a comissária (que vou chamar de Kat) ficava contando e conferindo com a lista dela (saída daquelas impressoras matriciais). Eu JURO que me senti na rodoviária de Mossoró saindo em um ônibus da Nordeste.

Aí, pela porta lateral, vizinha à minha cadeira, veio um cara abastecer a aeronave com comes e bebes. Eu até estranhei as comidas porque era um voo curto, mas tudo bem. O que vale o destaque era a careta dele quando abria os pequenos compartimentos, parecia que estava tudo fora de lugar. Enquanto isso, a Kat fazia de conta que não era com ela.

Bom, deixa eu descrever a Kat: uns cinquenta anos, loura, alta e magra mas com uma barriguinha saliente (o botão da calça não fechava, ela usava um cinto e as pontas ficavam sobrando). Luciana, me pergunta inbox e eu te digo quem é a CARA dela.

Ok, o cara termina e sai pela portinha. Aí ela vai lá e bagunça tudo de novo, ao seu estilo. Quando pega um saco de canudos, derruba tudo. Cá comigo, eu penso: como todo americano é obcecado pelo certinho, vai tudo pro lixo... Nada! (nota mental: não aceitar canudos na bebida). Aí ela põe tudo no saquinho de novo e lasca em outro compartimento. Fica nessa brincadeira de mudar as coisas de lugar até a hora de levantar voo . Aí, tchans! Ao invés de "ladies and gentleman", ela solta um "hi, folks" :) Ganhou meu voto... Ela veio servindo as bebidas e tal (graças a Deus, nenhum canudo) e voltou para a casinha dela, vizinha à minha cadeira. Abre um compartimento e tira....

...uma sacola estilo essas, de sacoleiras do Paraguai. Puxa dois sacos plásticos (de mercantil, mesmo). Checa os dois, devolve um. Abre um respeitável pote de doce de frutas em caldas (meio quilo, aprox.), puxa uma colher e uma revista tipo Marie Claire da sacola e pá, pá, pá... Como se tivesse na sala de casa. De vez em quando o piloto chama, ela reluta em deixar a revista, atende e volta. Termina o doce quase todo, devolve o pote à sacola, e faz a volta recolhendo os copos da galera, que só teve direito à bebida. Deixa o saco de lixo amarrado junto à porta de serviço, olha o relógio, pondera... É, dá tempo. Compartimento. Sacola. Saco ziploc cheio de batata do tipo Pringles. Batata. Revista. Batata. Revista. E o cheiro no mundo. O piloto avisa que vamos descer, e ela em pé. Batata. Revista. No último minuto antes da descida, a última batata. Limpa as mãos num desses lenços umedecidos, pega o telefone e fala com a gente de novo: "Folks, 'tamo chegando. Bem vindos à Atlanta!"

Um comentário:

Luciana Nepomuceno disse...

Mas, gente, melhor vôo ever! Já estou na caixinha querendo informações confidenciais