segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sobre a construção do feminino

Essa imagem eu roubei da Borboleta, que deve ter roubado de outro alguém. desculpa aí, alguém...

Eu estava querendo matar o tempo (coitado) e adiando o trabalho que se avoluma na minha mesa caótica (ou não, leia post abaixo) e fui ler uma revista dessas que se lê em salão (ou na cama da irmã). Acabei topando com a reportagem: desconstruindo o masculino (ou alguma coisa parecida). A revista deve ter cansado de falar sobre a construção do feminino e foi para a outra ponta da linha: o quanto essa construção feminina passa pela desconstrução do masculino.

Eu me lembro bem, na minha infância, de alguns casamentos de amigos dos meus pais que se acabaram, entre outros motivos que nos escapam, por um motivo simples: a mulher trabalhava fora e acabava ganhando mais que o homem. Alguém há de dizer que os casamentos acabaram por falta de diálogo, companheirismo, parceria, ou, romanticamente, por falta de amor. Pode ser. Mas até dentro de casa, o poder fala através do dinheiro, e quem não souber lidar com isso, roda. Ou o dinheiro é de ambos, e aí mesmo o que ganha menos (ou no caso da minha própria mãe, que durante muito tempo não teve renda) aprende a viver com isso e (mesmo reclamando, como faz minha mãe) garante o poder de outras formas (e aí vale o romantismo, o amor  como forma de poder), ou acaba-se o relacionamento.

Mas, voltando à entrevista, trago algumas respostas dos homens sobre o papel que eles querem desempenhar: protetor, foi maioria, alguns no sentido de provedor mesmo; parceiro apareceu em segundo e outros (bom marido, bom pai, amante não foram para o segundo turno). Não me parece muito uma desconstrução. Ou então, eles estão se inspirando na sociedade dos leões: tudo bem, a leoa pode (e deve) caçar, mas quem ruge mais alto sou eu. Eu protejo e eu como a carne mais gostosa...

O que me leva, numa viagem mais além, às eleições: teremos uma presidenta. Graças aos machados, diga-se de passagem. Porque não foi fácil sobreviver às intrigas de baixo nível: questões como o aborto e o casamento gay, tratadas como picuinhas para atingir uma população menos esclarecida e mais passional. Os votos saíram da Dilma, mas aterrissaram na candidata verde (seria uma marciana?). Comportamento típico de um leão ferido.

Ontem, na Rede TV, a presidente da ONG Voto Consciente disse que se tivesse 2º turno, ficaria feliz por um motivo "pelo menos se discute política no Brasil por mais um mês". Eu, por outro lado, espero que consigamos sobreviver a mais um mês de discussões inócuas, intrigas e baixarias. E que Dilma se eleja presidenta sem maiores danos à sua pessoa. E, embora não esteja feliz com o 2o turno, fico feliz em comparecer às urnas e ver um sorriso feminino que breve sentará na cadeira mais importante do país.

3 comentários:

Danielle Martins disse...

Também espero que a gente aguente ileso todas as baixarias. Que bom você ter escolhido ler revistas antes do trabalho hoje!

HG disse...

Na esperança da não destruição do que se construiu nos últimos anos é que "voto" Dilma Presidente. "Voto" 13!

Luciana Nepomuceno disse...

Eu procurei e procurei as palavras pra comentar este post. Eu não quero um homem desconstruído. Mas também não quero velhos valores paternalistas.

No mais, vou copiar as palavras da Hertenha: Na esperança da não destruição do que se construiu nos últimos anos é que "voto" Dilma Presidente. "Voto" 13!