quinta-feira, 25 de junho de 2009

Sobre uma borboleta

Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas

Brincam
Na luz
As belas
Borboletas

Borboletas brancas
São alegres e francas.

Borboletas azuis
Gostam muito de luz.

As amarelinhas
São tão bonitinhas!

E as pretas, então . . .
Oh, que escuridão!
(Vinicius de Moraes)
No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta.
(Cecília Meireles)

Mais uma vez, Cecília:

O sábio no jardim sorria
do artifício da borboleta
convertida em folha amarela
até com manchas e defeitos.

O sábio sorria daquela
mentira. Ó colorido embuste!
Ó fingimento desenhado
por cegos presságios e sustos!

Para salvar seu breve tempo,
- tempo de inseto – dom dos vivos,
tinha a borboleta bordado
seu sigiloso mimetismo.

( atrás das máscaras, que morte
pode alcançar o oculto pólo
sensível, no pulsante abismo
onde a hora de existir se acolhe?)

Sendo e não sendo, perto e longe,
escondia-se, ignota e inquieta,
guardando, em paredes de medo,
a esperança da seiva eterna.

O sábio no jardim sorria
do cauteloso fingimento,
de tênue silêncio expectante
sobre os universais segredos.


Este post poderia ser a minha própria resposta ao Imagem Imaginada. Mas não, é uma homenagem à borboleta (alegre, franca, e até um pouco bonitinha) que, sendo em cima de uma violeta, seja se escondendo sobre uma folha amarela, brinca na luz e parece compreender o mistério do sem-fim.

4 comentários:

Luciana Nepomuceno disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciana Nepomuceno disse...

heeeeeeeeee (batendo palmas não efusivamente com z, mas loucamente igualzinho a uma foca)

Contra a Maré disse...

Tá virando um bando de focas...

Danielle disse...

então mais uma foca!